QUANDO FAZER O CERTO PARECE ERRADO


Ao descer hoje numa estação do Metrô, sentei numa daquelas cadeiras para esperar o trem. A meu lado, uma moça aparentando uns 20 anos, com um bebe no colo, chorava silenciosa. Dava pra perceber que o seu choro era dolorido, vindo de dentro. A seu lado, senti-me tão tocada e compadecida. Eu queria de alguma maneira ajudá-la. Mas como? Perguntei-lhe cautelosamente se ela gostaria de falar. Ela apenas meneou a cabeça afirmando que sim. Depois de uns segundos ela disse que estava perdida! Perdida como?! Pensei. Desceu em estação errada? Errou o caminho?

Mãe de dois filhos, um de seis anos e uma menininha que tinha no colo com 1 ano de idade. Estava passando muita necessidade em Campinas, veio atrás da mãe que morava perto da estação Armênia. Veio para ver se a mãe poderia ajudá-la pelo menos com uma cesta básica. Ao chegar na casa, descobriu que sua mãe se mudara. Dizem que voltou pra Bahia por causa de tanta necessidade. Desconsolada, porque veio com a passagem apenas da ida, não tinha como voltar para casa. Segundo ela, as vizinhas ficaram com o filho de 6 anos, fizeram uma vaquinha e conseguiram o dinheiro para ela vir.

Conversamos por um longo tempo. Fiquei quase uma hora ouvindo a sua história. Ficou grávida aos 16 anos e hoje mora numa casa que é da sogra. O seu companheiro voltou pra morar com a mãe, porque não consegue arrumar emprego e fica muito nervoso porque não tem o que dar para as crianças. Essa mãe então, vem para São Paulo para buscar ajuda. Agora.... estou perdida, disse ela, não sei mais o que fazer.

Compadecida com sua história, fui checando as informações e de uma certa forma, procurando dar uma orientação a uma jovem mãe de 22 anos de idade. Lógico que nossa conversa nos levou até Deus. Ela já tinha o conhecimento de Deus, visto que frequentou na Bahia uma igreja evangélica. No final de nossa conversa, ela até sorrindo me disse que Deus escreve certo por linhas tortas, quando conseguiu fazer um link com sua vinda tão sem rumo para São Paulo. Isso porque aqui ela ouviu alguém dizendo... volte para Deus. Falei a ela do amor que Jesus teve por ela na cruz.

Confesso que enquanto a ouvia e buscava orientá-la quanto às coisas da vida, como lidar com esse companheiro etc... me ocorria um conflito muito grande. O que fazer com ela depois? Deixá-la sentada chorando? Posso ainda sentir o seu hálito horrivel de fome, emagrecida, abatida com uma criança no colo. E se ela estivesse mentindo? Quantas histórias ouvimos parecida com essa? Será que temos que ajudar ou devemos deixá-la para o sistema? No final, lembrei-le de Jesus: Dê a quem te pede..... e também.... tive fome e não me deste de comer, tive sede e não me deste de beber.... como é que ficam essas questões? Será que eu deveria dar o dinheiro da passagem de volta ou deixá-la ali na responsabilidade do Metrô?

Numa sociedade com tantas mentiras, com tantos enganos, com tanta sujeira como não errar em nosso discernimento? E se eu deixo pra lá e a menina estava falando a verdade? E se eu me envolvo e ela estava mentindo? Bem.... como não sou o Espírito Santo, e tenho um mínimo de consciência para fazer um razoável julgamento.... ajudeia-a a voltar pra casa, depois de ter desejado as bênçãos de Deus sobre a vida dela.

Que Deus guarde e a ajude a encontrar o caminho! Eu sei que o tempo que passamos ali sentadas foi um tempo muito sincero. Valeu depois o abraço apertado e as lágrimas de gratidão e o desejo dela de que Deus me recompensasse. Ela voltou com o firme propósito de voltar para casa, não só a terrena, mas à casa de seu pai Celestial.

Comentários

Anônimo disse…
Se apenas saudarmos o necessitado
ao longo do caminho e, não dividir
mos as lágrimas e o pouco que le-
varmos, a nossa religião é vã.
Pura verdade!

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